De duas, uma: ou você tem miopia ou conhece alguém com essa condição. Afinal, estamos falando de um distúrbio visual bastante comum.
A estimativa é de que, até 2050, cerca de metade da população mundial (aproximadamente 5 bilhões de pessoas) seja míope, conforme aponta um estudo publicado na revista científica Ophthalmology.
O que é miopia?
A miopia é um quadro caracterizado pela dificuldade de enxergar à distância. O indivíduo consegue ver os objetos mais próximos com nitidez, mas aqueles que estão mais longe parecem borrados.
Em grande parte das pessoas, a miopia costuma surgir entre os 10 e os 21 anos de idade. No entanto, esse distúrbio pode se desenvolver a qualquer momento da vida – é possível, inclusive, nascer com o problema.
Vale dizer que, especialmente no caso de crianças pequenas, é fundamental fazer exames e testes oftalmológicos mesmo que não haja nenhuma queixa. Como são novas, pode ser que elas não façam reclamações sobre a visão.
Sintomas de miopia
O embaçamento da visão para longe faz com que a pessoa esprema os olhos para tentar enxergar melhor, sendo esse um dos principais indicativos de miopia.
O esforço para ver objetos distantes pode desencadear outros sintomas, como dor de cabeça, fadiga e sonolência.
Causas
Em termos técnicos, a miopia é classificada como uma ametropia – ou seja, um erro de refração. Na prática, isso significa que os raios de luz que entram no olho não são focalizados onde deveriam.
Para um indivíduo enxergar bem, a luz precisa atravessar a córnea e o cristalino e, finalmente, ser focalizada na retina. Na miopia, os raios luminosos são focalizados antes do plano da retina.
Isso acontece, geralmente, porque o olho de um míope é maior do que o usual. O olho humano normal tem cerca de 23,5 milímetros de comprimento (do centro da córnea até a retina). Se o olho de um paciente for 1 milímetro maior do que esse valor, ele pode ter uma miopia de aproximadamente 3 graus.
Outras pessoas míopes podem ter o olho de tamanho normal, mas apresentar uma córnea excessivamente curva, o que também resulta em miopia.
Não se sabe exatamente quais são as causas dessas duas alterações na estrutura ocular. Existem, porém, alguns fatores que aumentam o risco de alguém ter miopia.
Os oftalmologistas sabem que a falta de exposição a ambientes abertos, principalmente na infância e na adolescência, contribui muito para o desenvolvimento da miopia.
As hipóteses para explicar essa correlação são duas: em espaços abertos, nosso olho observa mais coisas à distância e, nesses ambientes, recebemos mais radiação violeta. As pesquisas mostram que o ideal, para a saúde ocular, seria passar cerca de 2 horas por dia (ou 14 horas semanais) em ambientes abertos.
Também já é amplamente reconhecido o fato de que ter um pai ou uma mãe com miopia aumenta o risco de o filho apresentar o problema, especialmente se a família tiver descendência chinesa, japonesa ou coreana.
Fora esses dois pontos que são comprovados por várias evidências bastante sólidas, há estudos que sugerem – com indícios menos robustos – que o risco de ter miopia pode crescer em indivíduos que usam telas (de tablets e smartphones, por exemplo) ou leem livros a uma distância pequena do rosto e em excesso.
Tratamento
O tratamento da miopia pode ser feito com óculos, lentes de contato ou cirurgia. Quem deve indicar a opção mais adequada para cada caso é o médico oftalmologista, responsável por identificar o distúrbio visual.
O diagnóstico é feito em consultório, por meio de exames que avaliam o grau da miopia e a anatomia do olho como um todo.
É importante que o profissional esteja atento também à pseudomiopia, que pode aparecer em decorrência do excesso de visualização de telas e de leitura próxima. Essa utilização intensa da visão para perto favorece o cansaço do olho e pode acarretar o surgimento de sintomas semelhantes aos da miopia, mas que desaparecem com o repouso.
Uma vez excluída a pseudomiopia e confirmada a miopia, o oftalmologista prescreve óculos ou lentes de contato com o grau adequado para o paciente.
Já a cirurgia de correção da miopia pode ser recomendada, no geral, para pacientes maiores de idade que estejam com o grau estabilizado e não tenham nenhuma doença da córnea. O procedimento é feito a laser e serve para pessoas que tenham até 9 graus de miopia.
Fontes: Aníbal Mutti, chefe da equipe de oftalmologia do Hospital Nove de Julho e preceptor da Faculdade de Medicina do ABC; Wallace Chamon Alves de Siqueira, professor do Departamento de Oftalmologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e membro clínico voluntário da Universidade de Illinois em Chicago (UIC).